Hoje eu quero falar para vocês sobre algo muito interessante que tem a ver com atletas, alta performance e os desafios que a galera enfrenta, tanto no amador quanto no profissional. Porque, olha, alto nível é outra coisa. Não é sobre saúde, não é sobre conforto. É sobre superação.
O Alto Nível e os Limites do Corpo
Deixa eu trazer um exemplo pra gente refletir. Esses dias teve uma série de homenagens ao Ayrton Senna pelo aniversário dele, e uma cena icônica veio à tona: aquele momento em que ele vence o GP do Brasil, exausto, e não consegue levantar o troféu. Lembra disso?
Ele tinha pilotado no limite, segurando o carro todo arrebentado. Quando chegou no pódio, precisou de ajuda pra erguer o troféu. Ali, você vê o que é alto nível. É você estar no seu máximo, no seu limite, passando por cima do cansaço, da dor, de tudo.
E no nosso esporte, não é diferente. O alto nível, galera, não é saudável. Pelo contrário, ele exige desgaste físico e mental extremos. Quem acha que alta performance e saúde andam juntas está enganado. E isso não é só no fisiculturismo, mas em vários outros esportes.
Atletas de Luta e a Perda Rápida de Peso
Quer um exemplo? Os atletas de luta, que precisam bater peso antes de competir. Já prepararam alguém pra luta?
É uma realidade ainda mais brutal do que no fisiculturismo. Tem gente que perde 10, 12 quilos em poucos dias. Eu lembro de uma vez que fui gravar com o Lucas Mineiro, e ele estava em preparação para uma competição.
O cara já era seco, definido, e ainda assim precisava perder peso. Ele fazia três refeições por dia, basicamente só alface e frango, com pouquíssimo sal. Tudo isso treinando pesado, por horas a fio.
Agora imagina como é: ele já estava no limite, e ainda tinha que tirar mais uns 2 ou 3 quilos pra bater o peso da categoria.
Isso é comum no MMA, no karatê, no powerlifting e em vários outros esportes de alta performance. Eu mesmo já passei por isso. Uma vez, tive que perder 13 quilos em uma semana pra competir. Foi um desastre! Claro que meu desempenho foi péssimo, porque o corpo não aguenta tanta pressão.
A Desidratação Extrema no Powerlifting e Outras Modalidades
Até pouco tempo atrás, em competições de powerlifting, era permitido fazer a pesagem e depois usar soro pra se reidratar.
Isso dava uma folga, porque você podia competir com o peso natural após desidratar. Hoje, em muitos lugares, isso já não é mais permitido.
E aí a coisa fica ainda mais complicada. Você vê gente correndo de moletom pra perder os últimos gramas antes da pesagem, tomando banho de vapor ou passando horas na sauna.
Agora, quando o atleta não bate o peso da categoria, ele tem duas opções:
- Forçar ainda mais o corpo pra atingir o peso.
- Subir de categoria e enfrentar competidores mais pesados, que podem ter 5, 10 quilos a mais que ele no palco ou no ringue.
É uma decisão difícil.
Pra ilustrar, no karatê, por exemplo, a categoria até 80kg era sempre muito disputada. Quem não conseguia bater o peso acabava subindo pra 85kg, onde havia menos competidores.
Mas aí você tinha que lidar com adversários maiores, o que também era desafiador.
O Uso de Água Destilada e Técnicas de “Secagem” Extrema
Outra prática comum, especialmente nos Estados Unidos, é o uso de água destilada e outras técnicas de desidratação para secar o máximo possível antes da competição.
A ideia é “secar” o corpo pra parecer mais definido ou bater o peso.
E isso não acontece só no fisiculturismo. Mesmo atletas de men’s physique, que têm uma abordagem um pouco mais estética, muitas vezes forçam demais na reta final, tentando alcançar aquele visual seco e definido no palco.
Mas sabe o que acontece? Muita gente acaba confundindo o que é “dry” (seco) com o que é exagero.
No fisiculturismo, por exemplo, tem gente que abusa de diuréticos, insulina, GH e outras substâncias na tentativa de manter o volume muscular enquanto seca.
E no fim das contas, o resultado no palco não é o esperado.
Alta Performance vs. Saúde: Qual o Limite?
Então, qual é o aprendizado aqui?
O alto nível exige sacrifício, mas é preciso ter um limite.
Você não pode comprometer totalmente a sua saúde, porque no longo prazo isso cobra um preço.
Pra fechar, quero deixar claro que alta performance é incrível, mas ela não é sinônimo de saúde.
Se você quer competir, esteja ciente dos desafios e busque sempre orientação de profissionais.
Porque no final das contas, o mais importante é estar bem, tanto fisicamente quanto mentalmente.