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Sentir Dor No Músculo Depois do Treino É Sinal de Bom Treino? A Verdade Revelada

Sentir Dor No Músculo Depois do Treino É Sinal de Bom Treino? A Verdade Revelada

Descubra se a dor muscular tardia (DOMS) é realmente um indicativo de um treino eficaz. Entenda os diferentes tipos de treino, o papel do ácido lático, e como o condicionamento físico, o limiar da dor e o uso de anti-inflamatórios podem influenciar a dor pós-treino. Um guia completo para otimizar seus resultados e evitar lesões.

Vamos direto ao ponto: a dor tardia que você sente depois do treino é mesmo sinal de que você mandou bem? Ou, se você não sente dor, significa que não treinou direito?

Vamos destrinchar isso e entender de uma vez por todas como funciona esse lance da dor muscular pós-treino.

Os Três Tipos de Treino e Suas Matrizes Energéticas

Primeiro, é importante entender que existem três tipos principais de treinamento, cada um com uma matriz energética predominante, ou seja, a principal fonte de energia que o corpo usa durante aquele tipo de exercício. Vamos quebrar isso:

  1. Treino de força bruta: Aqui estamos falando de séries curtas, de 1 a 5 repetições, com cargas extremamente pesadas. A série dura poucos segundos e o corpo utiliza ATP que já está disponível nos músculos. É explosivo e intenso, mas gera pouca ou nenhuma dor tardia porque o tempo sob tensão é curto.
  2. Treino de hipertrofia: É o meio do caminho. Esse é o clássico da musculação, com séries que duram entre 30 e 60 segundos e que levam à falha muscular. Nesse caso, o corpo começa a usar fermentação para gerar energia, o que leva à produção de ácido lático. Esse ácido lático, por sua vez, é o principal responsável pela dor tardia no dia seguinte.
  3. Treino aeróbico: Aqui o corpo depende principalmente da respiração celular, com oxigênio, como fonte de energia. É o caso de uma corrida longa, por exemplo. Esse tipo de treino raramente vai gerar dor muscular tardia, porque não causa microlesões significativas no tecido muscular.

Ácido Lático e Dor Tardia: Uma Relação Nem Sempre Direta

Agora que você entendeu a base, vamos para a prática. Quando você faz um treino de hipertrofia até a falha, você gera ácido lático no músculo, o que pode causar aquela dor tardia no dia seguinte. Mas calma aí: nem sempre sentir dor significa que você treinou bem, e não sentir dor não significa que o treino foi ruim. Existem outros fatores importantes para considerar.

Primeiro, tem o seu condicionamento cardiorrespiratório. Se você tem um bom preparo físico, seu corpo é mais eficiente em levar oxigênio para os músculos durante o treino. Isso diminui a produção de ácido lático e, consequentemente, a intensidade da dor tardia. Não sentir dor pode ser, na verdade, um sinal de que você está bem condicionado.

Depois, tem o limiar da dor. A dor é uma interpretação do cérebro a partir de sinais químicos. Algumas pessoas têm uma resistência maior à dor e simplesmente não sentem tanto desconforto, mesmo quando estão fazendo um treino pesado. Por outro lado, pessoas com menor tolerância podem sentir dor com facilidade, mas isso não quer dizer que o treino foi mais eficaz.

Outro ponto importante: se você está parado há um mês e resolve voltar para a academia com tudo, vai ficar destruído no dia seguinte. Isso é resultado da falta de preparo do seu corpo, não de um treino incrivelmente eficiente. Então, não confunda dor com qualidade do treino.

Sinais de Um Bom Treino: O Que Observar Além da Dor

Observe o seu corpo de forma mais ampla

Por exemplo, durante o treino, você sente o músculo bem ativado? Sente aquele pump, que é o aumento do volume muscular causado pela maior circulação de sangue na região? Isso é um ótimo sinal. No dia seguinte, mesmo sem dor intensa, você pode perceber que há uma leve rigidez no músculo ao alongar ou fazer algum movimento. Esse incômodo é um indicativo de que houve microlesões no tecido muscular, que é o estímulo necessário para a supercompensação e, consequentemente, o crescimento muscular.

Anti-Inflamatórios e Musculação: Uma Combinação Perigosa Para Seus Ganhos

Quando você treina, o seu corpo entra em um processo inflamatório controlado. Células do sistema imunológico, como macrófagos e neutrófilos, vão para a área do músculo que foi lesionada para fazer a limpeza e iniciar o reparo. Isso libera substâncias como a interleucina-6, que, além de ser inflamatória, também é anabólica, ou seja, ajuda no crescimento muscular. Tomar anti-inflamatórios atrapalha esse processo e pode até prejudicar seus ganhos.

Por isso, uma dica interessante é fazer uma atividade leve no dia seguinte ao treino pesado, como pedalar ou caminhar, especialmente se você treinou pernas. Isso ajuda a melhorar a circulação e a remover resíduos metabólicos, como o ácido lático, do tecido muscular. Não é à toa que lendas como Tom Platz pedalavam logo após treinos intensos de perna.

Conclusão: A dor tardia não é o único, nem o principal indicador de um treino eficaz. O mais importante é que você esteja ativando bem o músculo durante o exercício, que haja um estímulo suficiente para gerar adaptação e que você permita ao corpo se recuperar adequadamente. Treine com inteligência, respeite os sinais do seu corpo e não caia na ilusão de que mais dor é sempre melhor.