O tema que quero abordar hoje é algo que vejo frequentemente sendo distorcido, especialmente no universo do fitness moderno. O que antes era uma prática focada no esforço, disciplina e dedicação, agora tem sido moldado pelas redes sociais e promessas de resultados rápidos, criando uma realidade que não reflete o verdadeiro espírito do esporte e da saúde.
Quando comecei a treinar, a motivação principal para as pessoas era simplesmente treinar porque gostavam. Não havia necessariamente um objetivo estético ou uma obsessão em se parecer com alguém famoso. O treino era prazeroso, algo genuíno. Hoje, com o avanço das mídias sociais, tudo mudou.
Muitas pessoas não querem mais ser atletas; querem ser famosas. Elas entram no fitness não pelo amor ao esporte ou pelo desejo de melhorar sua saúde, mas para ganhar atenção.
Esse é o grande problema
Estamos criando uma cultura em que as pessoas buscam atalhos, acreditam em promessas de resultados mágicos e se afastam do que realmente importa: o esforço, a organização e o comprometimento. A pergunta que muitos fazem é: “Qual o mínimo que posso fazer para ter o máximo de resultado?” E isso é reflexo de um imaginário coletivo que foi criado, onde existe uma ilusão de que é possível alcançar grandes objetivos sem esforço.
Um exemplo clássico são as pessoas que acreditam em soluções mágicas, como implantes hormonais que prometem resultados milagrosos. O famoso “chip da beleza”. Sério? Você realmente acha que vai colocar um implante de hormônio e, do dia para a noite, vai se transformar? Não é assim que funciona. O problema não está no método em si, mas nas promessas falsas que vêm com ele. É sobre isso que estamos falando aqui: a desonestidade.
Isso também se aplica à forma como as pessoas interpretam pesquisas e informações científicas. Por exemplo, há estudos que sugerem que treinar com 30% de carga máxima pode gerar hipertrofia. Isso pode ser verdade em contextos específicos, mas o problema é a interpretação. Muitas pessoas veem isso como uma justificativa para serem preguiçosas, para treinar sem intensidade, achando que terão os mesmos resultados de quem se dedica ao máximo. Isso simplesmente não acontece.
A verdade é que não existe milagre
Treinamento eficaz exige esforço. Dieta eficaz exige comprometimento. O que diferencia um bom profissional, seja ele treinador, médico ou nutricionista, é a capacidade de colocar os pés do cliente no chão e mostrar a realidade. Mas a maioria das pessoas não quer ouvir isso. Elas querem ouvir que é possível alcançar seus objetivos com o mínimo esforço. Isso, infelizmente, é o que está sendo vendido.
Outro ponto importante é o que chamo de “cultura do resumo”. Hoje em dia, as pessoas não querem estudar um artigo completo; querem ler apenas o resumo. Não querem ler um livro; querem ouvir um aplicativo que resume a obra em 12 minutos. E isso se reflete na academia. Elas não querem treinar intensamente ou seguir uma dieta séria; querem fazer um jejum intermitente achando que isso é suficiente para alcançar um físico de atleta. É claro que o jejum intermitente é uma ferramenta válida, assim como implantes hormonais podem ser úteis em contextos específicos. Mas são apenas ferramentas. Sozinhas, sem esforço e sem uma aplicação correta, não levam ninguém a lugar algum.
O problema não está nos métodos
O problema está em como eles são usados. Uma ferramenta, nas mãos de uma pessoa habilidosa e honesta, pode fazer maravilhas. Mas, nas mãos de alguém inábil ou desonesto, só gera confusão e frustração. É aí que muitos se perdem.
Por isso, meu conselho é simples: foque no básico. Treine com intensidade, siga uma dieta adequada e tenha paciência. Não há atalhos. Se você quer resultados reais, precisa de esforço real. Não existe mágica, não existe fórmula secreta. Existe trabalho duro, dedicação e uma dose saudável de realismo.
O fitness é, antes de tudo, sobre se desafiar e crescer, física, mental e emocionalmente. Não deixe que promessas vazias ou atalhos ilusórios te desviem do caminho. O esforço pode ser difícil, mas os resultados que vêm dele são muito mais recompensadores e duradouros.