O Perigo dos Diuréticos e a Importância do Equilíbrio Eletrolítico no Fisiculturismo
E é exatamente por isso que eu falo tanto contra o uso de diuréticos. O grande problema é que, quando você recorre a uma substância medicamentosa para alterar seu corpo, você está lidando com uma droga que pode facilmente fugir do seu controle. Não adianta achar que você vai vencer uma droga com outro método qualquer, não vai.
Muita gente olha para aqueles físicos extremamente secos, musculosos, com músculos aparentes como se estivessem esculpidos em pedra, e acha que aquilo ali é só treino e dieta. Mas a verdade é que, muitas vezes, tem um protocolo por trás que envolve diuréticos, e o problema disso é que, se for mal feito, pode comprometer completamente a performance e até a saúde do atleta.
Riscos do Uso de Diuréticos para Perda de Peso
Agora, o pior erro que alguém pode cometer é usar diurético e, ao mesmo tempo, cortar o sal. Esse é o tipo de coisa que pode causar um estrago absurdo. E é algo muito comum na reta final de preparação de um atleta, especialmente em duas situações:
- Quando o atleta não conseguiu atingir a condição física ideal, ou seja, ainda tem um percentual de gordura acima do que deveria.
- Quando ele precisa bater um peso específico e está tendo dificuldades.
Nesses casos, muitos recorrem ao diurético nos últimos três ou quatro dias antes da competição. Porém, quando o preparador tem experiência, ele sabe que precisa manter o consumo de sal e a ingestão adequada de água, porque se cortar qualquer um dos dois, o risco de cãibra, fadiga extrema e até desmaios aumenta drasticamente. E aí não adianta nada fazer esse protocolo se, na hora do treino ou da competição, o atleta não consegue nem se levantar.
Outro erro gravíssimo que já vi muita gente cometendo é acreditar que cãibra se resolve tomando potássio. Eu mesmo, no início, já pensei: “Estou tendo cãibra, então deve ser falta de potássio.” Mas quando fui consultar um profissional, ele me explicou que o problema não era esse. Na verdade, tomar potássio sem necessidade pode piorar ainda mais o desequilíbrio eletrolítico e aumentar o risco de cãibras. O que acontece é que, quando você altera drasticamente os níveis de sódio e potássio no corpo sem um planejamento correto, você pode criar um efeito rebote que prejudica a musculatura e compromete toda a performance.
Perigos dos Diuréticos no Fisiculturismo Profissional e Amador
E se engana quem pensa que isso acontece só com atletas amadores. No Mister Olympia de 2008, por exemplo, muito se comenta que o Dexter Jackson ganhou não porque foi o melhor, mas porque o Jay Cutler errou na finalização e ficou completamente comprometido por causa do desequilíbrio de sódio. Então, se isso acontece até no mais alto nível do fisiculturismo, imagina o que pode acontecer com quem não tem o mesmo suporte e conhecimento?
Agora, tem outro detalhe que muita gente ignora: o abuso de diuréticos é uma das principais causas de morte entre fisiculturistas. Existem três substâncias extremamente perigosas no meio:
- Insulina – se for mal utilizada, pode levar a hipoglicemia severa e morte.
- Diuréticos – causam desequilíbrios eletrolíticos graves que podem levar a arritmias cardíacas fatais.
- Esteróides em excesso – podem causar danos irreversíveis ao fígado, rins e coração.
Mas, de todas essas, o diurético é o mais perigoso. O motivo? Ele altera os níveis de sódio no corpo de forma muito rápida. E quando há uma parada cardíaca por falta de troca adequada de eletrólitos, muitas vezes não há tempo para reverter a situação. Se não houver sódio suficiente para manter a função cardíaca, o coração simplesmente para, e o risco de morte é altíssimo.
Uso de Espironolactona e seus Efeitos
Outra coisa que está ficando cada vez mais comum é o uso de espironolactona por dermatologistas para tratar acne e melhorar a qualidade da pele. Estamos falando de doses entre 25 e 50 mg ao dia, que, a princípio, parecem inofensivas. Mas será que isso não pode gerar danos renais ao longo dos anos? Será que existe algum estudo sólido sobre o uso prolongado dessa substância?
O que a gente já sabe é que, em pacientes com anorexia, o abuso de diuréticos é algo muito comum. Isso acontece porque eles geram uma perda de peso muito rápida, já que eliminam a retenção de líquidos. O problema é que o uso constante coloca uma carga excessiva nos rins e pode comprometer a função renal a longo prazo.
Agora, diferente de outros diuréticos, a espironolactona não age diretamente na eliminação de sódio. Ela funciona bloqueando o receptor androgênico, o que, por consequência, pode afetar o equilíbrio hormonal. O que isso significa na prática? No caso dos homens, pode causar redução da libido, diminuição da performance e até ginecomastia. Já nas mulheres, pode interferir no ciclo menstrual e também afetar o desejo sexual.
Hormônios Femininos e Retenção de Líquidos
E tem outro ponto que muitas vezes é ignorado: a relação dos hormônios femininos com a retenção de líquidos. Diferente dos homens, que têm basicamente a testosterona como hormônio predominante, as mulheres lidam com uma dança hormonal muito mais complexa. O estradiol, a progesterona e a testosterona interagem diretamente com o equilíbrio de sódio e a retenção de líquidos. Isso explica por que muitas mulheres retêm mais líquido do que os homens, principalmente em determinados momentos do ciclo menstrual.
E esse fator hormonal influencia até a performance nos treinos. Mulheres tendem a ter um rendimento melhor no período pós-ovulatório, quando os hormônios estão mais elevados e a recuperação muscular está mais eficiente. Já na fase pré-menstrual, quando os níveis hormonais começam a cair, é comum observar uma queda na força e na disposição.
Diuréticos – Use com Cautela!
Ou seja, tudo isso que estamos falando aqui não é simples. O corpo humano é dinâmico, e qualquer alteração feita de forma irresponsável pode ter consequências sérias. É por isso que eu sempre digo: mexer com diurético sem saber exatamente o que está fazendo é brincar com fogo. Se até atletas experientes erram e acabam comprometendo sua performance, imagine o risco para quem não tem o devido conhecimento e acompanhamento adequado. A desidratação e o desequilíbrio eletrolítico são riscos sérios.