Hoje vamos responder a pergunta de uma pessoa que está utilizando 1 ml de testosterona por semana há cerca de um ano, desde os 18 anos. Ele quer saber se isso pode ser sustentável para manter um shape diferenciado, com saúde e acompanhamento adequado. Vamos conversar sobre os prós, os contras e o que realmente importa quando falamos de uso prolongado de testosterona.
Testosterona Superfisiológica: O Que Isso Significa?
Primeiro, é importante entender o que significa uma dose superfisiológica. Nesse caso estamos falando de 250mg de testosterona por semana. Essa quantidade está acima do que o corpo humano naturalmente produz, o que traz benefícios no curto prazo, mas pode ter efeitos colaterais a longo prazo, principalmente para a saúde cardiovascular.
Sim, com essa dose, você pode sustentar um shape diferenciado, mas isso tem um preço. É importante entender que o uso prolongado de testosterona em doses elevadas não é algo isento de riscos.
Por Que a Testosterona Pode Ser um Problema para o Coração?
O coração é um músculo, certo? E assim como os músculos esqueléticos, ele também possui receptores para testosterona e outros androgênios. No entanto, há um detalhe importante: o coração possui três vezes mais receptores androgênicos do que os músculos comuns, como bíceps ou quadríceps.
Quando você utiliza testosterona em doses elevadas, esses receptores no coração são ativados, o que, no curto prazo, pode melhorar a função cardíaca. Isso acontece porque a testosterona aumenta a entrada de íons de cálcio no tecido cardíaco, melhorando a contração muscular do coração.
No início, isso parece ótimo. É o que muitos chamam de “lua de mel dos esteroides”: você sente melhora na qualidade de vida, na performance e no funcionamento geral do corpo. Só que essa fase dura cerca de seis meses.
O Que Acontece no Longo Prazo?
Com o passar do tempo, o excesso de cálcio no coração começa a causar problemas. Esse acúmulo pode levar à formação de fibrose no tecido cardíaco. A fibrose é um tecido cicatricial que, diferentemente do tecido muscular, não é eficiente na contração.
Resultado: o coração cresce (hipertrofia), mas se torna disfuncional. Ele perde sua eficiência na hora de bombear sangue, o que pode levar a problemas graves, como insuficiência cardíaca.
Além disso, o uso prolongado de testosterona em doses elevadas pode afetar outros aspectos da saúde cardiovascular, como:
- Elevação do colesterol LDL (o “ruim”);
- Redução do colesterol HDL (o “bom”);
- Aumento da pressão arterial.
Esses fatores, combinados, aumentam o risco de doenças cardíacas, mesmo em pessoas jovens.
O Risco é Maior para Quem Tem Menos Massa Muscular?
Outro ponto interessante é que pessoas com menos massa muscular estão mais expostas a esses riscos. Isso porque, nesses casos, há proporcionalmente mais receptores androgênicos no coração do que nos músculos esqueléticos.
Por outro lado, indivíduos com grande quantidade de massa muscular, como fisiculturistas profissionais, conseguem “distribuir” melhor os efeitos da testosterona. Isso não significa que eles estejam isentos de problemas, mas o impacto no coração tende a ser um pouco menor.
É Possível Usar Testosterona Prolongadamente com Saúde?
A resposta curta é: não sem riscos. O uso prolongado de doses superfisiológicas de testosterona inevitavelmente trará consequências para a saúde. Por isso, quem opta por esse caminho deve ter acompanhamento constante, especialmente com um cardiologista.
O cardiologista vai monitorar a saúde do coração, identificar sinais precoces de fibrose ou hipertrofia e orientar sobre a necessidade de ajustes ou até mesmo a interrupção do uso.
Além disso, exames regulares são indispensáveis:
- Eletrocardiograma e ecocardiograma para avaliar a função cardíaca;
- Hemograma completo para verificar alterações no sangue;
- Perfil lipídico para monitorar os níveis de colesterol.
O Que Pode Acontecer Se Você Continuar Usando por 10 Anos?
Usar testosterona em doses elevadas por 10 anos ou mais aumenta muito o risco de problemas graves, como insuficiência cardíaca, infarto e outros problemas cardiovasculares. Não é possível manter uma dose superfisiológica “sem riscos cardíacos” a longo prazo.
A saúde deve sempre ser a prioridade, e é importante lembrar que sustentar um físico diferenciado não vale a pena se isso comprometer sua qualidade de vida.